Tipos de atenção

Mas, e os tipos de atenção?
Usando a concepção de sistema, o objetivo é, além de compreender os mecanismos complexos da atenção, entender o que ocorre quando ela falha, como, por exemplo, acontece após lesões cerebrais e em casos de psicopatologia (TDAH, transtornos de humor e de ansiedade, por exemplo).

Esta complexidade toda nos ajuda a compreender que há vários tipos de atenção, sendo destaque neste texto a atenção visual.

A atenção pode ser examinada através de três funções majoritárias, que são:

  • a orientação para um estímulo sensorial;
  • o controle executivo e;
  • a manutenção do estado de alerta (Berger & Posner, 2000; Fan et al., 2002).

Vamos esclarecer cada uma.

Você está lendo este texto isso faz com que você movimente, ou seja, desloquei a sua atenção no decorrer da página. Isso parece simples, mas acredite, é uma habilidade muito importante.

Este exemplo faz com que possamos compreender a primeira via da atenção, ou seja, a via da orientação. Podemos movimentar a atenção no nosso ambiente, e fazemos isso de maneira aberta (movimentando os olhos) e de maneira encoberta (sem movimentar os olhos). Costumo dizer que os pais/cuidadores e os professores são ótimos nessa tarefa. Olhar para um lugar, mas prestar atenção em outro. Também podemos orientar nossa atenção de maneira voluntária (quando intencionalmente mantemos a nossa atenção em algo que nos interessa) ou de maneira involuntária (quando um estímulo por si só tem força para puxar a nossa atenção).

Sobre o controle executivo, vamos continuar usando o texto como exemplo. Imagine que você está lendo este texto e alguém comece a falar sobre algo MUITO interessante. Imagine aquela fofoquinha, ou melhor (politicamente correto), aquela informação importante sobre uma pessoa. Mas você precisa terminar a leitura deste texto. É imprescindível terminar. Os dois estímulos vão concorrer, talvez a fofoquinha seja um estímulo mais intenso. Contudo você termina bravamente a sua leitura, ignorando o estímulo mais intenso. Parabéns, a via da atenção executiva teve que funcionar.

Sobre a manutenção do estado de alerta estamos falando sobre aquilo que comumente chamamos de atenção. Ou seja, ficamos atentos a um evento durante um período de tempo. E o que temos a dizer sobre o processo de desenvolvimento destas vias?

Orientação da atenção:
A via da orientação da atenção está desenvolvida no primeiro ano de vida, quando a criança já é capaz de controlar a fixação e demonstra preferência por estímulos novos. Aos 4 meses de idade, os bebês já possuem algum controle sobre sua orientação da atenção. São capazes de liberar a atenção de uma localidade e mover para outra.

Qualquer um que já teve contato com um bebê utilizou a via da orientação da atenção para reduzir momentos de desconforto. Quando um bebê está chorando e você já fez de tudo (ele já mamou, não está molhado etc) é comum você lançar mão de uma distração (um chocalho, apontar para algo diferente no ambiente etc) com o objetivo de eliminar o desconforto. E isso costuma funcionar, mesmo que por um breve período tempo. Verificamos, assim, o papel da atenção nas fases iniciais de autorregulação.

Atenção executiva:
A via da atenção executiva está relacionada à detecção de erros e à habilidade de resolver conflitos, considerando diferentes tendências.O período importante de desenvolvimento desta via ocorre entre os 3 e 7 anos de idade.

Estudos sobre este tema apontam para as diferenças individuais na atenção, relacionando-as ao controle emocional e comportamental. A via da atenção executiva, por exemplo, dá base para a habilidade das crianças em regular seus comportamentos através do uso de um “autocontrole”. Dificuldades neste “autocontrole” podem servir de base para que ocorram problemas na socialização. A atenção executiva é, portanto, indispensável para a autogestão. Goleman, em seu novo livro Foco (2013),  apresenta este tema que será oportunamente discutido em nosso site.

Assim, compreender as vias, as estruturas cerebrais que as compõem e o seu desenvolvimento é importante para a compreensão dos mecanismos de autorregulação. Estes mecanismos seriam importantes para o desempenho desta habilidade social denominada empatia. Neste momento podemos compreender a associação entre os dois temas, ou seja, empatia e atenção.

Assim, quando estamos realizando tarefas que desenvolvem a empatia, estamos treinando a atenção. Treinar a atenção facilitaria no desenvolvimento de tarefas para o desenvolvimento da empatia. Como esclarece Goleman (2013), a atenção regula a emoção, sendo esta habilidade importante para o treino empático.

Empatia e atenção

De fato, a via importante é a via da atenção executiva. Ela é importante para os mecanismos de autorregulação. Esta é a informação relevante.

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Créditos: Ana Lúcia Novais Carvalho