O que é Empatia

Há muitas maneiras de se definir empatia.

Tem a empatia gostosa de ler, para quem gosta de poesia:

… O que as pessoas mais desejam é alguém que as escute de maneira calma e tranquila. Em silêncio. Sem dar conselhos. Sem que digam: “Se eu fosse você”. A gente ama não é a pessoa que fala bonito. É a pessoa que escuta bonito. A fala só é bonita quando ela nasce de uma longa e silenciosa escuta. É na escuta que o amor começa. E é na não escuta que ele termina.

Rubem Alves,em O Amor que acende a Lua

Tem a empatia boa de contar, para quem gosta de estórias:

Certo dia, em um jardim zoológico na Inglaterra, um passarinho se chocou com a janela de vidro da jaula de uma grande primata da espécie bonobo, chamada Kuni. Ela correu imediatamente para o passarinho, e o tratador ordenou, severamente, que o deixasse em paz. Mas Kuni não obedeceu, levou o bichinho para o lado de fora da jaula e tentou delicadamente colocá-lo de pé. Como o passarinho ainda atordoado não respondia, ela rapidamente tomou outra decisão. Pegou o animalzinho nas mãos e subiu até o galho superior da árvore mais alta da jaula. Apoiando-se com os pés, de modo que as mãos pudessem ficar livres, Kuni abriu com cuidado as asas do passarinho, segurando uma em cada mão e o lançou no ar, como faria uma criança com um aviãozinho de papel. Ele pousou no telhado da jaula, mas ainda do lado de dentro. Kuni desceu da árvore, correu até lá e, por bastante tempo, ficou de pé ao seu lado, de sentinela, olhando por ele, evitando que outros macacos curiosos o tocassem. Quando ao anoitecer o tratador procurou de novo pelo passarinho, não o encontrou mais, mas não havia penas ou outros sinais de que tivesse morrido; ele provavelmente voou para longe, depois de recobrar suas forças.

A maneira como Kuni tomou o passarinho nas mãos foi diferente de qualquer coisa que ela já tivesse feito para ajudar outro bonobo. Adotando uma perspectiva completamente diversa da sua e de seus pares, ao invés de usar conhecidos esquemas de ajuda, ela adaptou sua assistência àquela situação específica; interessou-se sinceramente pelo bichinho que não tinha absolutamente nada para lhe oferecer em troca e; reconhecendo aquela delicada situação, assumiu um comportamento que lhe salvou a vida. (História verídica retirada do livro O Eu Primata, de Franz de Waal, 2007)

Tem a empatia boa para formular, para quem gosta de teoria:

Uma habilidade social composta por três componentes: cognitivo, afetivo e comportamental. Sendo que o componente cognitivo consiste na capacidade de adotar a perspectiva do outro e inferir seus pensamentos e sentimentos; o componente afetivo se caracteriza por uma predisposição a experimentar compaixão e preocupação com o seu bem-estar; enquanto a habilidade de comunicar esta preocupação caracteriza o componente comportamental. A falta de quaisquer dos três componentes descaracterizaria o que chamamos de empatia.

 

E por fim, tem a empatia resumida, para quem gosta de simplificar:

 Colocar-se no lugar do outro, um freio para a violência e um instrumento para a paz.