Curiosidades

Curiosidades sobre o desenvolvimento

- Crise no berçário

Sabe o pranto espontâneo de recém-nascidos (choro reativo) em resposta ao choro de outros bebês no berçário?  Pesquisas mostraram que o som do choro dos recém-nascidos provoca mais choro reativo que o som “branco” (som de igual intensidade sonora, mas sem significado), que o pranto de bebês mais velhos, que o pranto sintetizado e que o choro gravado do próprio bebê.

Um bebê chora em seu primeiro dia de vida, ao ouvir um outro bebê chorar, assim que começa a empatia.”
(Franz de Waal)

 - Olhos nos olhos, quero ver o que você diz

Outra situação em que se podem observar respostas emocionalmente ressonantes precoces é o jogo face a face entre a mãe e o bebê, que começa a se produzir entre o segundo e o terceiro mês de vida. Durante estas interações lúdicas, os bebês respondem afetivamente à mãe de maneira que sugere uma emoção ressonante. Claro que a resposta emocional da criança nas interações face a face ainda não se deriva do conhecimento da situação e da experiência emocional da mãe, não é empatia ainda, mas um bom começo para ela. A coincidência de expressões positivas envolve uma resposta mais sofisticada que o pranto reativo e pode proporcionar uma base importante para formas mais sofisticadas de empatia. Com poucos meses, os bebês já são capazes de discriminar diferentes expressões faciais.

 - Mamãe posso ir?

As crianças começam a usar expressões faciais como pistas emocionais por volta da segunda metade do primeiro ano. Nesta idade, diante de situações novas, os bebês começam a comprovar visualmente, usando as pistas emocionais dos adultos para avaliá-las. Por exemplo, diante de um brinquedo novo e barulhento, o bebê olha para mãe, antes de pegá-lo, como se perguntasse: “Posso?”. Esse comportamento de autodefesa implica a atribuição de significado emocional às diferentes expressões faciais, assim como a capacidade da criança para interpretar a combinação de pistas emocionais do adulto, como a expressão facial e o tom de voz. Nestas situações, a preocupação da criança é com a sua própria segurança e não com o outro. Ainda não é empatia, mas está perto.

 - Minha chupeta serve!

Por volta dos dois anos é que surgem os primeiros comportamentos pró-sociais, e a preocupação com os outros se torna evidente. Nesta fase as crianças se preocupam cada vez mais com o desconforto das outras pessoas, compreendem as dificuldades dos outros e buscam maneiras para confortar e ajudar, mas, em geral, buscam soluções autocentradas,como por exemplo, a sua mãe para confortar o amiguinho que chora, mesmo que a mãe do amiguinho também esteja ali.

As respostas empáticas oscilam em um  continuum desde respostas automáticas, ou ressonantes, a interpretações mais sofisticadas das emoções do outro, quando se impõem demandas cognitivas maiores, como nomear os sentimentos.

- Eu me mordo de ciúme

Ninguém nasce sabendo o que é ciúme, inveja, saudade, sono. Ensinamos isso às crianças. O que é muito importante, não apenas para o desenvolvimento da empatia, mas também para o autocontrole. Saber o nome daquilo que incomoda ajuda muito a regular o comportamento. A criança pequena, com ciúme do irmãozinho novo, não sabe que aquela coisa consumindo por dentro tem um nome, nem o que fazer com ela. Ensiná-la que aquilo que está incomodando chama-se ciúme contribui muito para aliviar a tensão e resolver o conflito: “Você está com ciúme, meu amor. Todo mundo sente isso de vez em quando. Mas beliscar o irmãozinho não vai fazer você se sentir melhor. Porque não senta no colinho e me ajuda a cantar para ele? Tudo bem, pode ser O Boi da Cara Preta!”.

Ter consciência de que ensinamos às crianças sobre os sentimentos ajuda a compreendê-las e a voluntariamente ensinar. Então, nunca mais: “engole o choro”, certo? Todo mundo sente inveja, todo mundo tem ciúme, todo mundo sente medo… Sentir não é feio. Feio, às vezes, é o que fazemos com isso, porque, infelizmente, muitos adultos, de tanto engolir o choro, têm os sentimentos no fígado e não no cérebro ou no coração.  Não aprenderam a falar, nem a lidar com eles.